domingo, 16 de agosto de 2009

Só uma narração de escola...

Vidas Paralelas
Eu sou de menor; guardo automóvel com cara de anjo. Sou a vidraça quebrada pela pedra do adulto. Não sou criança. Meu nome é: de menor. Vivo aqui, este momento, sem saber de onde virá o pão de amanhã.
Toda manhã acordo com o barulho dos carros; é esse barulho que, cedo, me faz parar de sonhar e ir trabalhar. Tenho sorte, essa manhã os "branco" estão indo com a minha cara. Consigo rápido um trocado para um pão, foi preciso apenas três carros.
Paro numa praça em que sempre fico quando quero sonhar. Uma garota chega perto de mim e me encara. Logo me atento e, com as mãos erguendo a camiseta, mostro meu canivete. A menina se assusta e nem me dá tempo de falar...
-O que é isso?
Com uma cara assustada, ao mesmo tempo enraivecida, me pergunta; e espera a resposta que não vem. Entrei em seu jogo, e com a mesma expressão, em vez de respondê-la, pergunto-lhe:
-O que você quer?
Um minuto de silêncio e dois olhares. Nesse tempo, de raivosa fica melancólica. Decido cortar esse momento:
-Perdeu alguma coisa aqui, mané?
-Calma, só queria conversar...
A garota estava com um ar tão tristonho que acabei abaixando minha camiseta que cobriu minha única defesa.
-Posso me sentar? Perguntou apontando o espaço vazio ao meu lado. Não pude negar, fiz um gesto de afirmação com a cabeça, e ela se sentou, e perguntou:
-Você mora aqui, nesta praça?
-Não, moro onde dá, cada noite em um lugar.
A garota arregalou os olhos claros e disse:
-Mas, e suas coisas?
Olhei para mim mesma e respondi:
-Só tenho isso. Estava me referindo ao canivete.
-E, para que você guarda isso?
-Se eu não me defender, quem vai? A polícia é que não.
-E seus pais?
Parei por um instante, tentei me lembrar deles, mas não pude. Não tinha a lembrança de pais.
-Não tenho.
A garota parecia esquecer minha presença; depois, pensou, pensou e começou:
-Eu sou Luana. E você?
Achei estranho querer se apresentar, para mim, no meio da nossa conversa, mas novamente entrei em seu jogo.
-Sou de menor.
Ela riu, e disse:
-Eu também; mas, quero saber seu nome.
-Mas esse é meu nome.
Luana se mostrou espantada, mas logo voltou ao estado alegre e divertido que possuia.
-Bom, então vamos ter que mudá-lo... hum... que tal Marina?
Achei tudo aquilo muito estranho, mas continuei jogando.
-Pode ser.
Ela levantou rapidamente, pegou minha mãe e disse:
-Vamos!
Já estava estranho demais, fiz-a larguar minha mão e, brava, ao mesmo tempo curiosa, perguntei:
-Aonde?
-Na minha casa.
Disse-lhe, agora como uma de menor espantada:
-Está louca?!
A menina sorriu:
-Vamos fazer de conta que você é minha amiga, amigas desde pequenas, e está indo a minha casa como sempre faz.
-É, deve estar louca mesmo. Desde quando garotas brancas são amigas de negras e pobres como eu?
A menina ficou quieta e, dessa vez uma Luana inconformada disse:
-Mas isso pode mudar. Não existe nenhuma lei dizendo que isso tem que ser sempre desse jeito.
Permaneci quieta, mas tentava entender o que uma garota de menor queria dizer com aquilo.
-E então, vamos?
A oferta era tentadora, mas suspeita demais. Como alguém iria convidar uma de menor, negra, pobre, imunda para ir a sua casa?
-Você tá tirando com a minha cara, né?
-Deixa de ser criança! Você vai gostar...
Pensei comigo mesma: Eu não sou criança, nunca fui, e se acontecer alguma coisa sei me defender. Então eu fui.
Que casa mais bonita! Era imensa, tinha dois andares de puro luxo. Mas, o que mais me hipnotizou foi aquele quarto, era maravilhoso! Tinha um banheiro só para ela, uma cama de casal e muitos brinquedos. Pela primeira vez, fui criança.
Nos divertimos tanto juntas, mas, em um momento tive que lhe perguntar:
-Aonde estão seus pais?
A menina entristeceu, de uma forma que ainda não tinha presenciado. Contou-me que seus pais viviam viajando, trabalhando, e nunca os via. Vivia naquela casa sozinha, apenas com uma empregada chata e fofoqueira que se me visse alé, contaria tudo a mãe de Luana.
Ja estava anoitecendo, foi ficando cada vez mais triste. Pude perceber que era hora de eu sair.
-Eu vou indo...
-Queria que você dormisse aqui; não, queria que morasse comigo!
Um minuto de silêncio, olhamo-nos e nos abraçamos. Foi o abraço mais caloroso que senti. A garota não conteve algumas lágrimas que rolavam na sua face clara. Vendo aquilo, deixei escapar uma gota, mas logo me contive e disse-lhe:
-Obrigada. jamais cou esquecer este dia. O único dia de menor que tive.
Luana, contendo-se também, disse-me:
-Um dia vamos poder ser amigas, como todos podem. Um dia vou reencontrá-la.
É, quem sabe um dia. mas acontece que, ela é branca e rica, e eu... Eu sou de menor; guardo automóvel com cara de anjo. Sou a vidraça quebrada pela pedra do adulto. Não sou criança. Meu nome é: Marina. Vivo aqui, todo momento, aguardando o dia.
2007

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Quanto vale uma poesia?

Sofredor
Sorria meu bem
Sorrindo da minha dor
Minhas lágrimas sentidas
Os prantos de um sonhador
Sonhei contigo querida
Sonhando beijei teus lábios
A tua pele macia
Teu lindo rosto corado
A rua estava deserta
O céu estava estrelado
O sereno da madrugada
Teu cabelinho molhado
Abracei teu lindo corpo
Acordei desesperado
Sonhando com teu amor
No travesseiro abraçado.
(Sem título)
O sol nasceu para todos
Eu nasci para te amar
O sol é a luz do dia
Minha luz é o teu olhar
Teu olho, meigo e encantador
Teu lábio, quero beijar.

(Sem título, feita na hora)
Nasci em Porto Feliz
Porto-felicense eu sou
Numa casinha singela
Onde via o sol nascer
A inspiração da natureza
em Porto Feliz fez crescer.
Leontino Correa "poeta de rua"
.Paguei 2 reais nessas.

sábado, 8 de agosto de 2009

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Luto

Minha avó querida
sentadadinha no sofá
tantos lindos momentos vividos pensando em sua vida ?
tirando conclusões ?
Em seu colo tive segurança
sua palavra foi ou é a melhor companheira
a pele maltratada pelo tempo, enganava
tamanha vida que havia por dentro
Histórias resolvidas ou não
no amamentar de cada filho
no cuidar de dada um no carinho ofertado a mim
Tolas são estas palavras
pequeninos grãos de areia
tentando traduzi-la
que viveu todos os anos
todos os meses
e todos os dias
tempo suficiente?
Nunca há explicação...
Ela não está aqui para me explicar.
By my love